Os homens de bronze.
- Carlos_Santoro
- Oct 24, 2017
- 6 min read
Updated: Oct 24, 2022

Entre todos os tipos de homenagem que um jogador ou ex-jogador de futebol pode receber, talvez nenhuma seja tão marcante quanto ele ser agraciado com uma estátua ou busto. Normalmente erguidas após a morte do atleta, elas são um símbolo inequívoco de que suas realizações dentro das quatro linhas não foram esquecidas e de que pelo menos para um grupo razoável de pessoas ele foi alvo de admiração e de idolatria. Poucos são os atletas que receberam essa honraria, e eu resolvi, por curiosidade, preparar uma lista com os jogadores com passagem pelo Fluminense, mesmo que insignificante, que foram eternizados em bronze ou mármore. Valem estátuas e bustos, ficam de fora estatuetas, bonecos de cera ou de outro material não metálico e também pequenas esculturas sem pedestal ou lugar fixo, usualmente expostas em museus ou galerias de arte. Estátuas como a de Ronaldinho Gaúcho, erguida em Chapecó e posteriormente destruída também não foram consideradas.
O primeiro membro desse clube exclusivo é ninguém menos que Pelé, o atleta do século, maior jogador da história do futebol, e que defendeu o Fluminense por 45 minutos em um amistoso na Nigéria em 1978. Pelé é inclusive um caso à parte, tantas são as estátuas existentes homenageando-o. Eu ousaria dizer que poucos são os personagens nascidos no Século XX com tantos monumentos celebrando a sua imagem. Eu contei pelo menos 15 estátuas/bustos em reverência ao Rei do Futebol e isso não inclui as dezenas de estatuetas e pequenos bustos espalhados em residências e galerias ao redor do mundo. Pelé têm estátuas em Três Corações, sua cidade natal, em Santos, onde fez fama e fortuna, na Rua Javari em São Paulo, onde marcou seu gol mais bonito, e também no Rio de Janeiro e em Salvador. No exterior, o Rei é bastante popular na Índia onde têm três estátuas, em Libreville no Congo e em Lugansk na Ucrânia, sede inclusive de um museu com o seu nome. Para saber um pouco mais sobre as estátuas homenageando Pelé, eu recomendo o site: http://pelethebest.blogspot.com.br/2015/04/pele-bustos-e-estatuetas.html

fig. 1 – Pelé tem estátuas e bustos espalhados por várias cidades do mundo.

fig. 2 – Relação de estátuas e bustos de Pelé.
O primeiro ex-jogador do Fluminense a ter uma estátua ou busto homenageando-o foi Affonso Teixeira de Castro, o Castrinho, criador e organizador do Museu do Fluminense, que receberia o seu nome. Primeiro Grande Benemérito do clube, Castrinho dedicou 63 anos de sua vida ao Tricolor, inicialmente como atleta e jogador, posteriormente como membro do ground committee, diretor geral de esportes, vice-presidente, etc… Ao falecer em 1966 foi postumamente homenageando com um busto, que hoje se encontra na entrada do Bar dos Guerreiros.

fig. 3 – Affonso de Castro foi o primeiro ex-jogador do Fluminense a ser homenageado com um busto.
João Coelho Netto, o Preguinho, é uma das maiores glórias da história do Fluminense. Atleta completo, campeão em diversas modalidades esportivas, o filho do Príncipe dos Poetas e primeiro capitão da seleção brasileira em uma Copa do Mundo, nos deixou no final de 1979. Para homenageá-lo o Fluminense batizou seu antigo ginásio polidesportivo com o seu nome , instalando também, logo à entrada, um busto em seu tributo.

fig. 4 – João Coelho Netto, o Preguinho, dá nome ao ginásio polidesportivo do Fluminense.
Assim como Pelé, o sueco Lennart Skoglund, jogou apenas 45 minutos pelo Fluminense, em um amistoso em seu país natal em 1960. Os dois são, por sinal, os únicos jogadores com passagem pelo Fluminense, com mais de uma estátua consagrando-os. No caso do sueco, são duas: uma localizada na pequena cidade de Borrby, no sul da Suécia, e outra na capital do país, Estocolmo. Para saber mais sobre essas estátuas consulte o post que eu fiz sobre elas nesse blog.

fig. 5 – Lennart Skoglund tem duas estátuas em seu país natal, uma em Borrby (esq.) e outra em Estocolmo (dir.).
Ademir Menezes, o Queixada, artilheiro da Copa do Mundo de 1950 e campeão carioca pelo Tricolor em 1946, também ganhou a sua, dois anos após a sua morte. Instalada na Praça do Giradouro em frente a sede do Sport Clube Recife, clube que o revelou, a estátua de bronze com dois metros de altura, obra do artista plástico João Batista, foi inaugurada em 1999. A homenagem partiu da Câmara dos Vereadores de Recife, e a solenidade de inauguração contou com a presença do prefeito da cidade.

fig. 6 – Ademir Menezes teve sua estátua inaugurada em 1999.
O próximo personagem com história no Fluminense a ser imortalizado em bronze foi o meia Didi, o inventor da “folha seca”. Campeão mundial pelo Fluminense em 1952 e bicampeão mundial pela seleção brasileira em 1958 e 1962, o “Príncipe Etíope”, emprestou seu nome, Waldir Pereira, a um centro esportivo inaugurado na Barra da Tijuca em 2001, ano de sua morte. Logo na entrada do centro foi instalada uma estátua de bronze sua em tamanho natural.

fig. 7 – Waldir Pereira, o Didi, é o nome de um centro esportivo localizado na zona oeste do Rio.
O goleiro Castilho não só é o jogador que mais vezes vestiu a camisa do Fluminense como é também, para muitos, o maior jogador da história do clube. Imortalizado com um busto na entrada da sede social das Laranjeiras, a sua execução foi viabilizada através do dinheiro arrecadado com a venda de réplicas de sua camisa. Uma iniciativa do produtor cultural Heitor D’Alincourt, responsável por vários projetos e ações dentro do Fluminense. Pena que o busto tenha vindo com defeito, com um dedo de uma das mãos faltando. Desculpe, não resisti a piada.

fig. 8 – O busto de Castilho está localizado logo na entrada da sede do Fluminense nas Laranjeiras.
O artilheiro Romário, segundo maior goleador da história do futebol brasileiro, não ganhou títulos pelo Fluminense, mas ganhou uma estátua no Vasco, clube em que despontou. Inaugurada em 2007 e instalada atrás de um dos gols de São Januário, foi uma homenagem do clube ao milésimo gol do atacante. Personagem polêmico, vira e mexe surge o boato de que a estátua vai ser derrubada, conforme o baixinho dá alguma declaração que incomode a cúpula do Cruz de Malta.

fig. 9 – Romário ganhou uma estátua de presente por ocasião de seu milésimo gol.
O ponta-direita Telê não poderia deixar de fazer parte dessa lista. Filho maior de Itabirito, Minas Gerais, o antigo jogador e treinador teve uma estátua em sua homenagem inaugurada no aniversário de 84 anos da cidade mineira, localizada a 50 km de Belo Horizonte. Posteriormente, o monumento foi vítima de vandalismo, quando a bola que o “Mestre Telê” segurava foi roubada. Passariam-se meses até que ela fosse substituída.

fig 10 – Telê Santana, vestido com o uniforme da seleção, foi imortalizado em bronze em sua cidade natal.
Rivellino é considerado o maior jogador da história do Corinthians mas foi no Fluminense que ele viveu algumas de suas maiores glórias, comandando a “Máquina” do Presidente Francisco Horta. Um dos três únicos ex-jogadores do Flu a serem imortalizados em vida (os outros são Pelé e Romário), o antigo craque chorou copiosamente na inauguração do seu busto, instalado na sede social do Corinthians no Parque São Jorge.

fig. 11 – Rivellino é um dos três ex-jogadores com passagens pelo Fluminense que compareceu a inauguração de sua estátua/busto.
De todos os jogadores com passagem pelo Fluminense perpetuados em bronze talvez o menos ilustre seja Zezé, o ponta-esquerda campeão carioca de 1980. Zezé pode não ter tido a projeção internacional que outros membros dessa lista tiveram, mas foi sem dúvida um ótimo jogador. Rápido e habilidoso, foi um dos heróis da minha infância. A inauguração de seu busto, na pequena Recreio, terra natal do jogador, contou com a presença do prefeito da cidade, e foi acompanhada por um jogo comemorativo entre uma seleção local e antigos companheiros do ponta.

fig. 12 – Poucos ex-futebolistas tiveram a honra de serem imortalizados em bronze. O ponta-esquerda Zezé foi um deles.
É impossível pensar em Washington sem Assis e em Assis sem Washington, logo nada mais natural, ainda mais considerando que ambos faleceram num intervalo de tempo bastante próximo, que os dois fossem homenageados conjuntamente. Resultado de um financiamento coletivo, que na época bateu recordes de arrecadação e contemplou também um livro sobre o “Casal 20″, seus bustos foram inaugurados com a presença de familiares, antigos companheiros de time e ex-treinadores num bonito evento realizado na sede histórica das Laranjeiras.

fig. 13 – A dupla mais carismática da história do futebol brasileiro foi eternizada nas Laranjeiras.
Talvez a figura mais importante da história do Fluminense, Oscar Cox precisou esperar 113 anos após a fundação do clube para ser perpetuado em bronze. Autor da melhor ideia que um ser humano já teve, seu busto foi carregado por torcedores tricolores numa caminhada que começou na Rua Marques de Abrantes, local da reunião de fundação do clube, até a sede das Laranjeiras onde foi finalmente instalado.

fig. 14 – Oscar Cox, introdutor do futebol no Rio de Janeiro, é o mais recente alvo da estátuamania que tem se espalhado pelo Brasil neste princípio de século XXI.

fig. 15 – Relação de estátuas e bustos de ex-jogadores do Fluminense.



Comments